25.1.08

Vó Dulce

Fiquei mais só:
um pedaço da história
da minha infância,
adolescência,
juventude
e idade adulta
se foi agora
com a partida da minha avó frondosa.

Ela me deixou
mais triste
e feliz.

Tristeza de não mais vê-la,
de não mais poder aninhar-me
no regaço da sua dupla maternidade
na linha reta
que a ligava a mim
por intermédio de minha mãe.

Felicidade de lembranças claras e luminosas:
ela no seu jardim diariamente
às voltas com latas, vasos e vidas pintadas de branco.
A terra acomodada com carinho,
com a fé, a força e a determinação
de que era fértil aquela terra e bom o adubo,
de que suas sementes vingariam em rebentos,
de que seus rebentos cresceriam e viriam a ser árvores um dia,
de que as árvores floresceriam,
flores das quais adviriam vários e saborosos frutos:

Aires, que deve estar, radiante, de volta à sua companhia,
Ariza,
Eu,
Raquel,
Soráya,
Fábio,
Luciana,
Felipe,
Fabrício,
Alessandra,
Natália,
Juliana,
Ígor,
Danilo,
Amanda
Luísa ...

Em todos, esteja certa minha avó,
viceja sua seiva.

Que a paz do dever cumprido em alegre harmonia lhe acompanhe,
sempre.

 
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