27.12.07

Um Amor Tanto

pelo aniversário da Nane, o meu Amor

Este amor é tanto
que não há mar
que suporte em sua umidade
o fogo deste amar

será porque que a amo assim
inteiro?

não sei
só sei que é assim.

nosso amor
guerreia
fazendo as pazes

pacifica
fazendo guerras

um caldeirão de emoções
as mais loucas

nos atormenta
e gratifica

nos dói
e sara

e ao final
estaremos exaustos
e com um sorriso bobo na boca

que assim seja.

25.12.07

Textura de Coragem

A todos os anos novos

Remendo
Todos os medos,
Meros arremedos
Com textura aparente de coragem.
Estiagem
Entre tempestades
De renovados assombros
E mais escombros
Sobre mim.

Medo madrugador
De linhas fracas
A arrebentar
Na minha Alma.

Calmo,
Corro a tomar a agulha do Real,
Para com a minha linhagem,
Costurar um elmo,
De lona tosca e bruta,
Do meu sangue rubra,
Para que me cubra
Com a verdadeira textura da coragem
Contra os fatídicos destroços
Dos tempos futuros de outras ilusões,
Rainhas destronadas
Do espírito meu.

15.12.07

Tempo Déspota

Hoje acordei de um sonho dos Deuses

Sonhei que escolher não era necessário
que podia ter tudo
o tempo
as coisas
as pessoas

Sonhei que amava várias mulheres
que morava em inúmeras casas
que professava todos os credos
que, no restaurante, pedia todos os pratos
que exercia todas as profissões.

Acordei com o despertador
que comprei entre tantos
mandando-me para o trabalho de todos os dias
escolhi a roupa que vesti
e, cedendo à tirania do tempo,
enfrentei a lotada infernal do trem:
antes tivesse ido de ônibus.

5.12.07

Modus vivendi

Aonde vou
depois de tudo.
Depois de ninguém mais me ouvir ou ver
por ter-me tornado um nada invisível e mudo.

Não sei para onde vou,
mas sei que agora sou.
Depois não sei mais se serei
nem, se for, se serei pior ou melhor.

Sei onde estou a agora:
sobre essa terra que me dá chão,
ao sabor desta brisa que me beija inteiro.

O que sei é que estou vivo:

durmo e acordo,
como e bebo,
defeco e urino,
tenho amigos e inimigos,
prazeres e dores.

Vivo simplesmente a grandiosidade da vida que que me foi dada.
É o meu jeito de reverenciá-la,
de tentar sair dela quase a deixando como a encontrei:
sagrada e intocada para quem virá.

4.12.07

Inebriante

Sinto-me tonto
totalmente
é esse teor absurdo
de qualquer coisa em você
é esse seu absinto
inebriante profundo
que faz girar o mundo
no entorno de ti.

Você me faz
perder o chão
a dizer sempre sim
nunca jamais não.

Vou às pressas
associar-me
aos amadores compulsivos anônimos.

Poesia,
amo vossa excelência
deseperançosa
e desesperadamente.

3.12.07

Da Flor ao Horror

Flor
Rima-ímã
De amor

Amor
Rima-ímã
De dor

Dor
Rima-ímã
De horror

E assim
Foi que passaram
Da flor ao amor
Do amor à dor
Da dor ao horror

2.12.07

Acaso Poético

O caso
É que o acaso
Faz-me escrever assim:
Meio fora de Mim.

Dou asas livres
À imaginação
E ela voa
Engraçada:
Sem rumo,
Sem nada.

Este.
Oeste.
Norte.
Sul.
Ela voa
No vazio
Cheia de si.

 
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