29.9.07

Errático

Ando a esmo
procurando não encontrar
aquela lembrança
que não está em nenhum lugar

Ando a esmo.
para não olhar em mim
o fato passado
que insiste presente.

Ando a esmo,
para, ao errar,
inebriar a mente
com estupefacientes
e fazê-la adormecer
e sonhar
com memórias
impossíveis.

23.9.07

Empacar Adianta

... ou Sê teimoso como o Burrico. v 2.0

Se a vida exige pressa,
corra bem devagar,
que o caminho é longo, penoso...

Ô Mula, que carrega
carga pesada,
entre as peças de alto valor,
você é a mais preciosa.

22.9.07

Salgueirense sim. E daí?

ao Salgueiro, árvore mesmo, e ao GRES Acadêmicos do Salgueiro e seu lema

Se todos fôssemos
salgueiros que choram
tão-somente de emoção
boa,
sublime e sã.

Gente que não pretende,
ser o melhor,
nem o pior também,
mas contenta-se
em ser o que se é.

Que toda gente
entre si
e de per si
é:

apenas
um escolar
diferente.

10.9.07

Pau Brasilis

Ao Dicionário Nei Lopiano do Banto à Minha Pátria Amada


que de madeira sangue
rubro vermelha
fez-se verde
vida
azul do céu do brigadeiro
macaco anil.

No meu dicionário
banto,
banzo aos poucos
foi se minando,
nas minas,
canaviais,
cafezais,
Bahia,
Recife,
Rio,
Minas Gerais,
foi-se tornando
um estrondoso
e veraz amor
pela Terra
de Santa Cruz.

No novo dicionário,
guardo todo o rancor no armário,
quero paz,
nada mais de ais.

A sinonímia é imperfeita
e por isso mesmo cria
paz ecumênica.
Na novel semiologia
do Brasil
teologia dá a libertação,
multicultural, interdisciplinar,
interracial, internacional,
universal
paz mundial.

(de todos porque sem dono ou senhor)

Sê teimoso como o Burrico

Que, se na vida tem pressa,

corre bem devagar,
que burro mesmo sabe:
o caminho é longo,
a carga pesada
e, entre as de mais alto valor,
para quem lhe confiou na previdência:
a que lhe pesa o lombo
é a preciosíssima.

7.9.07

Que todas sejam FLORAS, que o mundo seja quintais com pomares para nos nutrir e descansarmos das batalhas

Gil, meu Ministro da Cultura, que desde sempre investi nesse ministério,

obrigado por tudo. Mas principalmente pela seguinte lição, por aprendida por mim, do meu jeito, jeito que não quero parar de aprender jamais. Peço licença, para, com sentimento, exaltar seu magistério e também (por que não?), apresentar os meus apontamentos de aula.

A lição ministrada:

Flora

Imagino-te já idosa
Frondosa toda a folhagem
Multiplicada a ramagem
De agora

Tendo tudo transcorrido
Flores e frutos da imagem
Com que faço essa viagem
Pelo reino do teu nome
Ó, Flora

Imagino-te jaqueira
Postada à beira da estrada
Velha, forte, farta, bela
Senhora

Pelo chão, muitos caroços
Como que restos dos nossos
Próprios sonhos devorados
Pelo pássaro da aurora
Ó, Flora

Imagino-te futura
Ainda mais linda, madura
Pura no sabor de amor e
De amora

Toda aquela luz acesa
Na doçura e na beleza
Terei sono, com certeza
Debaixo da tua sombra
Ó, Flora

"A Arte Final"



A Musa:
Flora Tropicalista, subjaz raiz da Cultura
A Veja desta semana publica o perfil da agreste
Flora Gil, mulher desse ser tão baianamente preto Gil.
[ por força da política comercial da revista, o conteúdo com a íntegra da matéria só está liberada para a leitura e deleite de todos em duas ou três semanas, mas já foi pior]





Apontamento nº 1:

O Remédio cuja ausência Remedeia
(a Nane, o que de mais valor encontrei)

Dei-lhe a mão
e todo o meu mais.
Meu coração
pela vida inteira
dela será.
Servido à luz de sóis nascentes
e guarnecido de beijos inflamados,
ele terá nela,
enquanto bater,
a ventura adrenalina.

E caso ela não mais me queira,
não descansarei jamais,
como já descansei à sombra
do seu amor.
Porque ele,
um tanto acre, um tanto doce,
arrebatou-me
irremediavelmente.


Apontamento nº 2 :

MiAu


Que isso?
Um gata?

Não, é uma canção
que acredita
que não há dita:

a paz
entre
ferinas
e caninos;

entre
femininos
e masculinos:

é possível sim;

Por que
não?

Seria
a Vida!


Apontamento nº 3 :

Quimera Ardente


Conheci a ti,
ardor
em meu corpo:
por mim.

O tempo passa,
ardor
em meu corpo:
por ti.

Anos a fio,
ardor
em meu corpo:
renasci.

Envelhecemos,
ardor
em meu corpo:
me consumi.

Feneceste,
o ar é dor
em meu corpo:
me perdi.

O amor é fogo
que arde
e só parece doer.



Minha Musa:



Obrigado, ao senhor Ministro deste subúrbio da rede
chamado Parabolicamará e
Amigô de Monsieur Binot,
que espero conhecer, porque, pelo que ouvi:
já é.

5.9.07

Histórias para Infantes

(ao Danilo, meu filho, que me conta histórias como essas desde que nasceu, diariamente)

Onde está o mundo
Em que vivi na infância:
Histórias fantásticas de heróis
Saindo-se vencedores
Por serem íntegros,
Quase santos?

Outras deveriam ser as fábulas
A nos preparar a ser heróis:
Sem vitória,
Sem gala,
Sem nada.

As histórias infantis
Que imagino
Ensinariam
Ao menino e à menina
Viver a angústia do outro
(e a sua própria)
Sem a esperança
Do acalanto de aplausos
Ou da surra das vaias.

Haverá Santos?

Espíritos judiciosos,
venho, por meio desta,
lhes interrogar:
quem presta?

Os mortos,
por obséquio
e em reverente temor ao nosso futuro obscuro,
não considerem.

Eu,
que não sou morto ainda,
duvido às vezes,
muitas, para ser sincero,
se eu próprio
(não me quero subtrair às críticas)
sou lá flor que se cheire.

Portanto,
respondam sem ficção:
se suas judiciosíssimas pessoas fossem confiar
do mesmo jeito, grau e modo
em que confiaram em vocês,
o mundo ia ter mais ou menos cor?

 
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