24.11.07

O Primeiro Não

Insensível
O rato
Insensato
E intimorato
Abre caminho
Invade e destrói
O ninho
De magafafinhos

E eu menininho
Descubro
O ninho
De ovos
Violados

Tamanho descalabro
Para mim
O primeiro não na vida
De tão poucos sins

21.11.07

Aragem Ventanista

Eis-me aqui
sem medo
ou coragem.

Recebo da noite
sua aragem fria.

Quero dizer meu nome
mas que precisão essa de dizer meu nome?
No alto desta noite solitária
faço-me companhia
a única companhia possível.

Alta noite que mais alto se eleva
logo será dia
e acordarei deste sonho acordado
entre mim e eu mesmo.

Terei perdido o sono
e ganho a fantasia que esta noite me tomou.

19.11.07

Respeito à Hábil Navalha

Vibra no ar o aço flexível da navalha
Sacada na hora improvável.

A ameaçaFaz tremer.
Cadê a fama do matador?

O suor nasce frio
Como lâmina
Penetrando a carne.

O algoz corre morto de medo pelas vielas.
Teme morrer o matador.

Tão cedo não aparecer
Naquelas paragens
São os planos do matador.

12.11.07

Poema ao Poeta

Poeta,
Que Musa
É essa
Que te inspira
Para meu regalo
E nem sequer
Te conheço,
Muito menos te falo
E me dizes tudo,
Sussurrando ao meu ouvido
Segredos de mim
Que me eram secretos

Quem és tu
Que, quando em qualquer ponto
De tua estatura
Sem tamanho
Descanso o olhar
A ler-te,
Invariável é que apanhem
A minha arcada
Em sorriso solto
Aliviada
Pela luz da tua graça

A mim que me firo
Por tombos
Em cadafalsos
Sobre o solo tolo
Da aparente concretude da realidade
Ofereces como solução
Imagens mirabolantes.

9.11.07

Exortação aos Meninos de Hoje e de Amanhã

Tem fé menino,
tem fé menino,
tem feminino na mulher.

Enamora aquela
que te sabe simples e frágil masculino,
menino gerado no ventre da sua primeira e ancestral mulher.

8.11.07

Tão-Somente Agora

Cada dia que viceja
é óbito dos dias idos
e antevisão embaçada de um devir incerto.

Não corroa assim o tempo:

carpindo o dia que se foi
ainda que antológico
ou de árduo horror.

prelibando o futuro
que, quimera,
é desejo lançado no abismo do nada.

Deixe todo o ontem na sua hora,
em algum arquivo esquecido
em um recanto da memória.

O futuro deixe ser o que será,
sem mapas, rotas, planos.
Arcano inalcançãvel,
tempo impreciso.

Viva intensamente o agora,
ele é todo glória,
resultado de todo o ontem morrido,
promessa incompleta de todo o amanhã ansiado.

7.11.07

Santa Guerreira Atéia

(à Nane, minha mulher guerreira)

Gosto desse seu ar
De absoluta revolta
Contra as atrocidades
Do mundo.

Você não acredita em céu,
Nem no ir e vir
Da alma.

Mas, apesar de nenhuma fé,
Segue calma,
Acreditando no homem
Como ele é:
Terrível e terno,
Justo e iníquo
Mau e bom.

Nesse seu caminho
Não se ouve som
De lamento,
Só o das suas armas
Para essa guerra
Que a vida encerra
Ao querer perpetuar-se
Pela matéria.

6.11.07

só a cartola do Cartola pode

inspirado no CD Só Cartola da Rob Digital
com Elton Medeiros, Nelson Sargento & Galo Preto


A cartola do Cartola
ninguém a vê,
mas tá lá,
sem asneira,
altaneira.

Se uns -
também outros -
lhe bordoarem,
de cima a baixo,
como um cachação,
um som surdo
ecoa na alma do agressor

De cartola
em chapéu-coco,
a coroa faz oco
quem se fez assim de bobo
querendo ser sinhô.

Cartola bate pronto,
sambando
e entornando cachaça
em Galo Preto.

A voz lhe empresta
Nelson Sargento & Elton Medeiros.

5.11.07

BOPE - Beleza de Operação Especial

Minha gatinha
é mesmo muito linda

Ela anda pelas ruas
enquanto olha o mundo

Se um do mundo cai
ela é capaz de desviar-se do caminho
para salvá-lo

Como não a amar
de amor maior?

Como não ser servidor
do serviço a que ela serve?

Serviçal
ás vezes quente
às vezes fria

às vezes dura
às vezes suave

às vezes doce
às vezes Docinho

Mas sempre uma serviçal
que serve
ao mundo
com um sentimento
estranhamente estrangeiro

Salvas à minha menina
santa e atéia
guerreira e super-poderosa

Como ela quantas?

Não há muitas
arriscaria até dizer
só há ela
única e especial.

Minha mulher
mãe do Dan
a você me prendo por vontade.

4.11.07

Ficus ou Não Fico

Getúlio:
Fico ou não fico?

Que belos tempos os do Catete,
das paixões e das indignidades:
diga ao povo que não fico
- BAMMM! -
chumbo sobre o músculo cardíaco.

Festejados sejam os
dias do fico.

Coração em fogo:
Fica comigo essa noite?

Vivam todos os que,
a despeito dos mitos,
teimosamente ficam:
árvores encopadas
e ficantes extasiados.

Não digo o fico do Pedro,
cuja altivez tinha à cabeça
pedras quiçá moles demais.

Afinal, mais valem para mim
os majestosos ficus elásticos
da minha Usina da Tijuca querida
à sandice dos que não ficam
por vontade ou falta de coragem.

2.11.07

Vazio Essencial

Sofro da falta de algo. Um vazio alimenta minha insatisfação. Uma ausência que não tenho como definir. Um desânimo... Um descontentamento... Um... sei lá o que.

Diante desse sentir (ou seria um não sentir?) uns se matam, outros se deixam morrer. Eu, à minha vez, por superior coragem ou por infinita covardia, sigo a viver.

Minha letra
Minha pauta
Minha música
Meu também o desalento

 
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