O sítio meu no mundo
é pequeno,
mero aceno
num mar de lenços multicores.
Agonia sem fim
esse vazio em cujo espaço
não caibo,
porque não há como preencher.
Meu lugar no mundo
é menor que eu,
porque sou inteiro o mundo todo
e mais
e, portanto, sou somente nada.
17.3.08
Deslocado
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9:54 AM
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Marcadores: auto-estima, auto-imagem, autocrítica, crise existencial, depressão, estética da alma
9.3.08
Competitividade Jaqueira
Era uma vila operária habitada por trabalhadores da fábrica de telhas e da de tecidos Maracanã. A lida era dura. Labutavam muito. Iam dormir com as galinhas e com os galos despertavam. Isso em um tempo em que o ditado se dava literalmente, quando, na Usina da Tijuca, ainda se morava em casas com galinheiros e em que os galináceos andavam soltos pelas ruas, ciscando ali e acolá.
Pois bem, o fato é que todos se retiravam por volta da hora do Angelus, para fazer suas preces e, ato contínuo, dormir.
Havia vezes, entretanto, em que a rotina era quebrada. Das casas ouvia-se um som surdo e, em resposta, seus moradores saíam em camisolões alvoroçados. Iam atrás dela, a jaca que caíra, em aberta competição. Até que se ouvia um grito de rasgada euforia. Um deles a havia encontrado. Catava o troféu e em atitude vencedora, o levava secundado por uma procissão. O felizardo adentrava a sua casa, retalhava a jaca e compartia sua vitória com os demais. Todos teriam jaca para o café da manhã seguinte.
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Unknown
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2:38 AM
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Marcadores: alimento, bondade, brasil, companheirismo, competição, filia, leveza, memórias, rio de janeiro, usina da tijuca
7.3.08
Joio e Trigo
Joeirar
O que se vai falar.
Pensar muito
No intuito
De não dizer
Asneira.
Mas, se são
As palavras
Como lavas
De um vulcão ativo,
Como suster o crivo
Se for para dizer:
Mulher,
Sou louco
Por você!
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Unknown
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9:43 PM
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Marcadores: a musa, autocrítica, coragem, eros, fidelidade à verdade, loucura, relação amorosa
4.3.08
Acordados por Sonhos Somos
No meio da noite
Acordados
Por sonhos
Somos
Poder
O mundo supor
Nossos desejos interditos
Apavora e encanta
A batalha maior
Vencer o outro em nós
E gozar nos campos do real
As fantásticas miragens da fantasia
O pensamento
Nau dessa viagem
Do conhecimento de nós
Dor e delícia nossa
Nos leva
Quanto mais fundo
E longe se vai
Menos dói a dor
E mais deliciosa a delícia
De ser e saber o que se é
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Unknown
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5:58 AM
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Marcadores: coragem, covardia, ditadura, dor, eros, fidelidade à verdade, insônia, liberdade, loucura, o Outro, realidade, repressão, sonhos, tanatos, trabalho psíquico, viver em sociedade